A Corporação - uma análise reflexiva
A respeito do documentário A Corporação, gostaria de deixar aqui algumas anotações que fui fazendo enquanto assistia. A corporação é retratada como aquela que “não sente remorso”, “é insincera, mente”, “não se importa com os outros”. A corporação é só uma estrutura legal, mas seus membros (acionistas, executivos, funcionários) têm responsabilidades morais.
Sinopse: The Corporation (A Corporação, em português) é um documentário canadense de 2003, dirigido e produzido por Mark Achbar e Jennifer Abbott, baseado em roteiro adaptado por Joel Bakan de seu livro (The Corporation: The Pathological Pursuit of Profit and Power, com versão em português: A Corporação: a busca patológica por lucro e poder). O filme descreve o surgimento das grandes corporações como pessoas jurídicas, e discute, do ponto de vista psicológico que, em sendo pessoas, que tipo de pessoas elas seriam.
Buscando o
significado na internet, me deparo com a seguinte definição:
“Corporação é um grupo de pessoas que agem como se fossem um só corpo, uma só pessoa, buscando a execução de objetivos em comum. Num sentido amplo é um grupo de pessoas submetidas às mesmas regras ou estatutos, e neste sentido é sinônimo de agremiação, associação ou ainda empresa.”
O presidente de
uma empresa não faz tudo o que quer, ele toma decisões difíceis. Na empresa
onde trabalhava, os 4 diretores (que eram sócio fundadores) precisaram demitir funcionários
no mês passado por conta da pandemia do covid-19. Conversando com alguns funcionários,
eles disseram que esses diretores fizeram lives para explicar o que estava
acontecendo, justificaram o motivo de precisar demitir tantas pessoas,
entendiam a responsabilidade desse ato. Fizeram
uma planilha com os dados dos funcionários desligados, divulgaram seus
currículos para outros diretores, pagaram todos os direitos certinhos. Obviamente nem
toda empresa fará isso, mas várias postaram coisas do tipo no LinkedIn. "Precisei demitir funcionários porque estamos no vermelho, mas queremos que essas pessoas consigam uma recolocação. Sua empresa está precisando de novos membros? Indicamos esses que trabalharam conosco."
Indo um pouco
além, as pessoas estão preocupadas com o meio ambiente e estão pressionando as
empresas. O motivo? Você poderia fazer pesquisas sobre isso, mas concordo com o
documentário quando ele diz que as pessoas comuns não possuem muitos recursos,
então elas sentem que aquele que tem mais recursos poderia ajudar mais, e
cobram isso. Talvez sua empresa não tenha relação direta, faz o dela e ok. Mas o que nós vemos? Algumas empresas que só se importam com o lucro, agem
como predadores e não se preocupam com quem esteja na frente, elas passam por cima sem dó. A lei? Não existe, somente a que elas mesmas criam. Será?
Aquele caso do
CEO que nunca visitou sua empresa, quero dizer... você é dono de uma empresa, mas nunca sequer visitou o país em que ela está sediada? As empresas não são
apenas prédios e seus funcionários parte do “maquinário”. Elas têm sentimentos,
possuem vidas, o que acontece naquele país e com aquela cultura mesmo que
indiretamente afetam todos eles. Você pergunta, “o que sua empresa fez pelo meio
ambiente”? É uma pergunta válida. Alguns poderiam dizer, “mas minha empresa nem
é do setor ambiental, por que eu deveria fazer algo?”. E novamente você pensa, “não
sei, será que ela não tem o poder para fazer algo?”. E hoje existe uma certa
preocupação com toda a cadeia de suprimentos de uma organização. Quem são os
seus fornecedores? O que eles fazem? Um deles agride o meio ambiente? Então você poderia dizer que não tem nenhuma relação com o setor
ambiental, mas negocia com empresas que degradam o meio ambiente? O fato de a Natura dizer “nós
não trabalhamos com quem agride o meio ambiente” já faz uma diferença? Eu li sobre a política deles sobre a Cadeia de Valor e da preocupação com o produto,
da matéria prima ao descarte final e achei interessante.
E eu fiquei
pensando em algumas questões, como a criação de riqueza – ou seria uma
apropriação de riqueza? Você privatizar é a melhor solução? Mas as empresas
privadas só agem em benefício próprio, é no lucro, é nas ações. É isso mesmo? Poderíamos
generalizar? Talvez nem toda empresa seja tão horrenda assim, e algumas
realmente tentam fazer algo para contribuir com a sociedade. Pensar no lucro e pensar em um bom
serviço, no bem-estar dos consumidores é possível? Ok, talvez dependa do setor, dos
serviços em questão. Poderíamos dizer, “e os serviços essenciais? Precisamos de
estatais.” Volto a pensar, é realmente necessário ter uma estatal de
camisinhas, por exemplo? Porque no Brasil, nós temos uma disso. São o que, 130 estatais? Somos o 4º país no mundo a ter mais estatais, logo atrás da China (51.341), Hundria (370) e índia (270). Não estou dizendo a resposta, ainda tenho que refletir
mais como todos nós. Deixar nas mãos do governo é seguro? Afinal, o governo é composto
por representantes do povo e nós os elegemos. Só que o governo é corrupto,
podemos realmente confiar neles? Não tenho respostas.
E então entramos
em uma questão intrigante, o marketing. Cada vez mais sofisticada, difusa. São técnicas muito bem elaboradas que atingiram até crianças, empresas
manipulando a todo custo e sem pensar na ética, apenas para fazer com que as
pessoas comprem coisas cada vez mais. A publicidade infantil teve que entrar em
pauta, até quando um comercial pode ser abusivo? Ele não deveria. E onde os
profissionais de marketing estavam? Bom, se até psicólogos estavam trabalhando
junto a essas empresas para conduzir tudo isso, o que dizer do restante?
Como uma estudante de marketing, e alguém que trabalhou como autônoma por certo tempo na área, posso dizer que busco fazer o melhor para os
envolvidos quando penso nas ações. Iniciativas como o TCR, Transformative Consumer Research, surgem com
diretrizes para que pesquisadores e profissionais de marketing passem a olhar mais para a
sociedade, que contribuam na defesa de alguma pautas como a obesidade infantil, e
como as empresas do ramo de alimentos e fast foods estão
contribuindo para isso. O que elas podem fazer para diminuir isso? As injustiças e discriminação nos locais de consumo, enfim, se preocupar com o bem-estar do consumo. Existem regimentos, todos os meus livros sobre marketing como o de Solomon e o de Schiffman (sobre o comportamento do consumidor) possuem em vários capítulos páginas dedicadas a ética. Não posso dizer que iremos mudar o mundo da noite
para o dia, mas é como dizem: são as pequenas ações que podem fazer grandes
diferenças. Não apenas na minha área, em todas elas. E por isso a multidisciplinaridade
é tão importante, e realmente acredito nessa mudança. Muito se tem falado do consumidor no controle, e fico feliz por ver seções dedicadas para discussão da ética no marketing - feita por pessoas da área.
Voltando ao
documentário, outra frase que me impactou muito foi a seguinte: “a
pesquisa científica moderna não busca a verdade, mas o lucro”. Obviamente eu, como aspirante a pesquisadora senti um cutucão. Para quem o pesquisador trabalha? Para onde irão essas pesquisas? Alguém fará algo com relação a elas? Quem julga as pesquisas? Falo por mim quando digo que sempre tive liberdade para escolher sobre o que iria estudar, junto aos meus orientadores. Apresentei para bancas diversas, ouvia suas críticas e sugestões ao meu trabalho. Acho uma pena existir esse distanciamento entre a sociedade e a academia, por isso pretendo usar o espaço desse blog para divulgar a vocês o andamento de alguns trabalhos.
Seguindo aqui a história do documentário, contou o relato de dois funcionários de uma rede de tv que queriam falar sobre um
problema no leite, aliás tema esse que chegou até no Brasil, como formol sendo
encontrado e ingerido pelas pessoas sem que elas soubessem, o mal que isso
causa. Esses funcionários buscaram ouvir tanto consumidores como representantes da empresa e a Mosanto, a citada no documentário, fez de tudo para que a reportagem não
fosse ao ar. Por quê? Porque se descobriu que o leite contaminado deles fazia
proliferar o câncer. E nem entro no mérito se aquele leite realmente estava
contaminado ou não, não li os estudos. Mas não é estranho que a empresa tenha
tentado a todo custo impedir a veiculação dessa informação? Entendo que nenhuma empresa quer esse tipo de coisa sendo divulgada, ainda mais se forem só boatos e mentiras. Sério, olha a coisa do rato da Coca-cola. Ninguém sabia se era verdade ou não, mas as ações da empresa caíram e ela despencou no ranking das marcas mais valiosas na época. Hoje, de acordo com a justiça, o caso não passou de uma fraude.
E o poder e
influência que uma empresa tem ao ameaçar de processo, de fazer perder patrocinadores,
controlando a mídia? A indústria de tabaco, por exemplo, já sabia que fumar
fazia mal para a saúde e causava câncer décadas antes de isso ir a público. E aí começa aquele “não sabia”,
“não tive culpa”, mas depois é encontrado provas de que sim, eles sabiam, fingiam
que não e modificavam dados, subornavam, tentavam estar ali perto das políticas
públicas para influenciá-las – imagino quantas empresas não o fazem.
Fato é que esses dois funcionários foram proibidos de transmitir esse programa falando do leite. Falsificar
notícias é ilegal? O documentário diz que naquela época, nos Estados Unidos, não
era ilegal e os funcionários, que haviam sido demitidos, perderam um processo justamente por isso, porque falsificar notícias
não era ilegal. Uau, não é mesmo? Um consumidor não poder saber que um produto pode fazer mal a ele, custar sua própria vida a médio/longo prazo?
E quando a
organização sobrepõe o lucro a qualquer questão? Negociando com terroristas,
tiranos. O documentário fala de como a fanta laranja foi a criação da coca-cola para continuar
ganhando dinheiro no regime nazista, da IBM vendendo cartões de informação para
ajudar a controlar quem estava nos campos de concentração. Dizendo “eu não sabia, não tenho controle
sobre como usam o que criamos”. E alguns documentos da época mostram que eles faziam
manutenção todo mês desses equipamentos, como não sabiam o que acontecia por ali?
Sobre
corporações que financiam até mesmo manifestações para causarem a revolução que
desejam, sobre os governos que perderam controle sobre elas. Sabemos que
existem empresas que possuem mais faturamento do que o PIB de alguns países.
Quanto poder e influência eles possuem? Fui procurar
mais informações sobre o General Betler, citado no documentário como alguém que
desmascarou todo um complô, o chamado Business Plot.
“Em 1933, se
envolveu em uma polêmica conhecida como Business Plot, quando afirmou a um
comitê do Congresso que um grupo de ricos industriais estavam planejando um
golpe militar para derrubar Franklin D. Roosevelt. Butler seria designado para
liderar um exército de 500.000 homens e assassinar Roosevelt para instalar um
estado fascista nos Estados Unidos. Ele recusou esse papel e denunciou a
conspiração. De acordo com Butler, os mandantes da conspiração eram pessoas de
Wall Street, da família DuPont, magnatas da Standard Oil, da General Motors,
Chase National Bank, Goodyear, Prescott Bush, National City Bank e JPMorgan
Chase. Os envolvidos negaram a existência de uma conspiração, e a mídia
contemporânea não deu crédito ao complô, afirmando que Butler havia disseminado
uma grande mentira.”
Democracia
Ltda, haha.
Também fui
buscar mais sobre o caso da Shell e a morte de manifestantes nigerianos. Aconteceu em 1995, onde a Shell teria incentivado o governo a prender e
executar homens que se manifestaram contra algumas operações que estavam
ocorrendo. A empresa paga alguns milhões de dólares como um "gesto
humanitário" e fica por isso mesmo. Quanto custa uma vida? Alguns brasileiros
poderiam dizer que custa 20 mil.
Fonte: Lotti - Gaúcha ZH |
É uma total falta de empatia com as pessoas
que morreram, elas não vão voltar. Não sou juiz para dar a sentença, mas penso
que se uma empresa fez algo tão ruim assim, o mínimo que ela deveria fazer é dar um
pedido de desculpas, reconhecer seu erro. Conversar com suas vítimas, ouvi-las.
E não ficar fingindo que nada aconteceu durante anos.
Por que tantas
empresas adotaram a responsabilidade social? Elas realmente são socialmente
responsáveis ou só estão preocupadas com sua imagem, querem parecer que
são responsáveis? Não estamos aqui para julgar, concordo com o documentário que
fazer algo é melhor do que nada. Mas a frase do Milton Friedman faz muito
sentido para mim, “não é a corporação que define o que é ser socialmente responsável”.
Faz alguns meses que li um artigo sobre as técnicas de neutralização que a
indústria do tabaco utilizou quando foi a julgamento, no que citei mais acima como o declínio delas ao vazar as informações de que eles sabiam o mal que causavam, porém negavam. O que mais me chamou
atenção é em como uma dessas empresas criou um programa de responsabilidade
social, e me dava a impressão de que eles tentavam definir o que seria isso. RSE
aqui, RSE ali. Dando uma googada:
“O termo
Responsabilidade Social Corporativa ou Responsabilidade Social Corporativa
Empreendedora descreve a contribuição voluntária das empresas para o desenvolvimento
sustentável que vai além dos requisitos legais.”
Eu fiz uma
pesquisa durante a graduação sobre como as empresas que mais vendem divulgam a
sustentabilidade nos sites delas. A maioria divulga a importância da
sustentabilidade, algumas mostram seus projetos. O que me chamou atenção foi o fato
de que grande parte não citava onde as ações ocorriam, quanto era investido, os
resultados, como alguém poderia participar daqueles projetos. Fico pensando, se
elas estão realmente engajadas nisso, o que custa disponibilizar no seu
site em que região do país eles ocorrem? Norte, sul? Sudeste? Oeste, centro-oeste? A pesquisa está quase finalizada, irei dar alguns ajustes nas férias e depois volto aqui para dizer mais sobre ela. Você pode ver uma apresentação sobre ela clicando AQUI.
Sabemos que as corporações geram empregos, e consequentemente renda. Mas essas
ações voluntárias que elas fazem, essas boas ações que dizem fazer, elas ultrapassam
as ações ruins que algumas fazem? Ou que já fizeram?
E quando a
empresa reconhece um erro, pede desculpas e anos depois volta a fazer novamente?
Temos um exemplo, a Samarco. Ela é uma joint venture, isto é, uma
parceria comercial entre a Vale S.A. e a BHP Billiton, empresa
anglo-australiana de mineração também. Lucro de R$ 13,3 bilhões entre 2010 e
2014 segundo informações disponibilizadas na web. O rompimento da barragem em
Mariana deixou 18 mortos e 1 desaparecido. Os danos ao ecossistema do rio doce,
nossa... E por um erro na operação, negligência no monitoramento. Anos depois,
novamente em Brumadinho. Mais de 250 mortos. Uma das vítimas perdeu o
marido, a irmã e o filho de um ano em janeiro do ano passado. A Vale foi
condenada mês passado a pagar indenização de R$ 5 milhões. A justiça foi feita?
Eles realmente aprenderam com os erros ou isso vai se repetir? As pessoas estavam cobrando posicionamentos quando ofato ocorreu, atenta a tudo o que saía. Elas ainda se lembram? Sabem do que está acontecendo agora? Sei que tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, todo dia sai uma notícia nova e confesso que está difícil para mim acompanhar. Mas eu te convido, nesse exato momento, a pensar em alguma tragédia envolvendo empresas e a ir buscar no google informações, só para saber se algo mudou e em que pé está.
Devemos pensar
no que fazemos para viver sim. Às vezes você diz, “eu sou só um funcionário,
não concordo com o que a empresa faz”. Mas está lá fazendo. Podemos ter um parente que
trabalha em uma empresa que faz coisas ruins, e o que dá para fazer? Pedir as
contas? Brigar com os dirigentes para que mudem sua postura? Nem tudo é tão
simples. Se não gostamos do que uma empresa faz, vamos parar de usar suas
marcas? E falo de toda a cadeia produtiva aqui também. E se você só tem aquela empresa
para te fornecer um produto que você precisa? E se as pessoas pararem de
consumir e isso custar o emprego dos funcionários, que mesmo sendo um operário
ou atendente tem famílias para sustentar? E você pode dizer que tudo isso é uma
crítica ao capitalismo, que deveríamos mudar o regime.
Não sei se o
documentário vai nesse mérito, senti que a crítica foi contra essas corporações mesmo, que fazem o que querem e parecem agir acima dos interesses do bem-estar
público, social. Não se engane achando que é só mudar “o presidente do país” que essas corporações irão desaparecer.
Existem empresas
boas, que se preocupam com seus funcionários, que tentam o seu melhor. Existem
empresas ruins, que exploram sem parar. Você vai parar de beber Coca-Cola se eu
te dissesse que um dos caminhões da empresa atropelou algumas crianças, deixou
elas para morrer e a empresa pagou a mídia para que isso não fosse divulgado
e silenciado? Vou dizer que todos que bebem coca-cola em um domingo com a família compactuaram com isso? Você sabe se essa informação é verdade? Você foi buscar a fonte, ou agora nesse exato momento você está acreditando em mim, só porque escrevi isso aqui e publiquei? Você não sabe da onde eu tirei essa informação, se inventei ou se li em outro lugar.
Só para saciar a curiosidade, é verdade o caso. Bom, com exatidão eu não sei te falar sobre todos os fatos. WikiLeaks divulgou o ocorrido, e fiquei surpresa quando vi a resposta no site da Coca-Cola Brasil:
Só para saciar a curiosidade, é verdade o caso. Bom, com exatidão eu não sei te falar sobre todos os fatos. WikiLeaks divulgou o ocorrido, e fiquei surpresa quando vi a resposta no site da Coca-Cola Brasil:
Retirado do site https://www.cocacolabrasil.com.br/ |
O que eu quero dizer é, não devemos ser tão apressados a julgar os outros. Não é porque
uma pessoa é de esquerda que ela é, de acordo com alguns comentários na
internet, “uma vagabunda preguiçosa que só pensa em ser sustentada pelo governo”. Estou dizendo isso porque é uma frase que foi citada até no documentário. Não é porque uma pessoa é de direita que ela “é um egoísta que só pensa em si
mesma, um fascista”. É difícil, mas sempre procuro olhar as pessoas pelo que elas são, pelos gestos que demonstram, seus atos. E ainda assim existe todo um contexto. É complicado. Vejo pessoas dizendo coisas das quais elas nem sabem, ou elas acham que sabem. Será que sou uma dessas pessoas também? Quem sabe.
Se nós somos contra poluições e abominamos a ideia de uma empresa que joga despejos em um rio, por que continuamos consumindo dela? Se ela não vende diretamente para consumidores, mas vende algo para a empresa B e você compra da empresa B, indiretamente você está dando lucro a essa A, que continua despejando coisas no rio. Você tem olhado os ingredientes dos produtos que consome? Sabe a história da empresa que a fabrica? Sabe quem são os parceiros dela? Sabe quem são seus funcionários?
Se nós somos contra poluições e abominamos a ideia de uma empresa que joga despejos em um rio, por que continuamos consumindo dela? Se ela não vende diretamente para consumidores, mas vende algo para a empresa B e você compra da empresa B, indiretamente você está dando lucro a essa A, que continua despejando coisas no rio. Você tem olhado os ingredientes dos produtos que consome? Sabe a história da empresa que a fabrica? Sabe quem são os parceiros dela? Sabe quem são seus funcionários?
Eu me formei em administração, foram 4 anos estudando as empresas. As organizações, como elas se relacionam com os seus stakeholders (clientes, concorrentes, parceiros, governo, ONGs, imprensa, etc). Sei que muitos diriam que é um curso de quem não sabe o que fazer da vida, mas é mais importante do que pensam. Foram tantas disciplinas, você está ali em contato com direito, psicologia, contabilidade, finanças, recursos humanos... Com várias estratégias, técnicas, abordagens, cases. Foram mais de 50 disciplinas e por mais que a empresa vise o lucro, eu posso te garantir que aprendi a importância da sustentabilidade, de tratar bem seus funcionários, de pensar na comunidade em que uma organização está inserida.
Fui em palestras e eventos, incontáveis. Vi donos de empresas ou representantes delas indo bater um papo conosco, alunos. Aprendemos a fazer diagnóstico das empresas, fizemos consultorias de verdade para algumas disciplinas. Muitos ali começam como alunos, estagiários. Mas almejam cargos de liderança, e eu ficava tão feliz quando ouvia um aluno dizer que tentaria fazer a diferença em sua vida profissional, que não estavam pensando só em dinheiro. E é muito legal, até hoje ouço algumas histórias de quem conseguiu colocar um programa de voluntariado na empresa, que influenciou boas práticas empresariais em alguma equipe. Tenho colegas que montaram empresas, outros que são analistas. Inclusive já tem uma pequena parcela em cargos de diretoria, com um pensamento de mudança. Daqui a 10 anos? Espero continuar ouvindo boas histórias, de progresso, prosperidade e responsabilidade.
Fui em palestras e eventos, incontáveis. Vi donos de empresas ou representantes delas indo bater um papo conosco, alunos. Aprendemos a fazer diagnóstico das empresas, fizemos consultorias de verdade para algumas disciplinas. Muitos ali começam como alunos, estagiários. Mas almejam cargos de liderança, e eu ficava tão feliz quando ouvia um aluno dizer que tentaria fazer a diferença em sua vida profissional, que não estavam pensando só em dinheiro. E é muito legal, até hoje ouço algumas histórias de quem conseguiu colocar um programa de voluntariado na empresa, que influenciou boas práticas empresariais em alguma equipe. Tenho colegas que montaram empresas, outros que são analistas. Inclusive já tem uma pequena parcela em cargos de diretoria, com um pensamento de mudança. Daqui a 10 anos? Espero continuar ouvindo boas histórias, de progresso, prosperidade e responsabilidade.
Hoje, cursando mestrado em Administração estudo marketing, faço análises das organizações, aprendo sobre as inovações, tento entender os aspectos sociais do mundo humano e como isso se relaciona com as organizações. Levo muito a sério o papel das pesquisas, não é como fazer um post aqui no site com a minha opinião, minhas impressões e um belo "eu acho". Existe todo um rigor, análises, estudos. Tem empresas que financiam pesquisas, e apesar delas quererem acompanhar o progresso dos estudos, conheço casos em que a empresa não se mete: ela financia para tentar entender mesmo algo, poder ajudar de alguma forma a sociedade. Pelo menos do que eu vivencio, ainda não ouvi falar de uma empresa que financiava algo e pediu para manipular algum dado, apesar de não saber se isso acontece e em que frequência. E aliás, deem mais crédito para as pesquisas científicas das nossas instituições de ensino, existem estudos fantásticos que são testados, não são meros argumentos ou teorias tiradas do vento. É muito triste ver essa cultura de fake news tão disseminada.
Encerro dizendo novamente que essas foram minhas anotações sobre o documentário A Corporação, para a minha aula. Busquei
algumas coisas na internet e decidi compartilhar para reflexão, mas sigo em busca
do conhecimento, e gostaria que mais pessoas fossem atrás também. Ninguém é dono da verdade. E como ainda tenho alguns artigos sobre o tema para ler, provavelmente tratei a parte 2 dessa publicação. Abraços e até mais!
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