Camp NaNoWriMo: entrevistas para te motivar!
Olá, caros leitores! Para os autores de plantão, o Camp Nanowrimo já começou e com ele, um desafio surreal de tentar escrever uma história. Em parceria com o site Revista Jovem Geek e o Minha Pequena Estante trouxemos algumas matérias especiais para vocês. Caso tenha perdido o primeiro post, confira:
No nosso post de hoje trouxemos algumas autoras que conseguiram cumprir o desafio e compartilharam um pouco das suas experiências conosco, e quem sabe não sirva de motivação para você? Confira:
Entrevista: Motivação para o Camp NaNoWriMo
1 - Se apresente. Diga seu nome, profissão, a quanto tempo escreve.
Cristina: Oi! Meu nome é Cristina Pereyra, sou professora de alfabetização na região de Curitiba. Tive minhas breves experiências de escrita na adolescência mas só comecei a escrever seriamente já adulta, há mais ou menos 15 anos com fanfics. Foram apenas três anos escrevendo fics no AnimeSpirit, mas foram muito intensos e reacenderam minha paixão por escrever. Deixei as fanfics para escrever histórias originais e fui atrás de publicá-las, o que aconteceu em 2009. Durante seis anos escrevi bastante, depois vieram situações complicadas na família, depressão, crises de pânico e fiquei sem escrever nada por cinco anos. Até o Camp de abril.
Isabelle Freire: Meu nome é Isabelle, sou tradutora de legendas e estudante de pós-graduação. Minha primeira experiência de escrita foi aos 11 anos, com fanfics, e gostei de tanto de criar histórias, que as ideias sempre surgiam e estava quase sempre trabalhando em alguma.
Isabelle |
2 - Diga como conheceu o Camp NanoWriMo e o que te motivou a participar.
Cristina: Conheci o NaNoWriMo em 2010, no dia 1º de novembro, através da plataforma de autopublicação Smashwords (que faz uma parceria com o NaNo e estimula seus autores a participarem). Participei já naquele ano e depois em outros. Consegui completar o desafio várias vezes no NaNo e uma vez no Camp - esse ano foi a segunda vez que terminei o Camp. No início do ano eu já havia colocado como meta voltar a escrever e que seria precisamente com essa história, mas não determinei uma data para escrever. Então veio a pandemia, eu tive minhas férias antecipadas para o final de março e início de abril e já sabia que ficaria em home office, ou seja, que teria tempo e estaria menos cansada para escrever. Como sempre recebo notícias do NaNo, ao receber o email de lembrete do Camp de abril decidi que era o momento perfeito para voltar a escrever, tanto por ter um objetivo concreto como para me distrair daquele primeiro momento de impacto da pandemia.
Amanda: Conheci o Camp Nanowrimo em um grupo de amigas escritoras em 2018. Eu estava em um impasse com o meu livro, então resolvi participar e ver o que iria dar. Acabou que deu mais certo do que imaginei.
Isabelle Freire: Conheci o Camp no próprio site do NaNoWriMo, onde já utilizava o fórum. Foi bem
em cima da hora que soube do desafio, coisa de cinco dias antes de começar. Eu tinha
muitos problemas de travar, de querer editar a cada parágrafo escrito e achar que nunca
estava bom. Achei a ideia das 50 mil palavras bem estimulante e resolvi entrar no
desafio para ver se a escrita realmente “saía” sem maiores interferências.
3 - Fale um pouco da história que você escreveu / revisou no Camp
Cristina: A história que eu escrevi no Camp é a primeira parte de uma série de histórias que eu escrevi como fanfics e depois derivei para continuações com personagens originais, seria uma prequel das outras porque ao deixar de usar personagens prontos eu tive a necessidade de situar o leitor em quem eram eles e como eram suas vidas antes de contar a história em si. Eu poderia definir agora como uma história inspirada em Saint Seiya e que usa a mitologia eslava como alicerce, entretanto segue mais a linha de contar as histórias de amor entre as personagens do que algum tipo de luta ou batalhas.
Amanda: Escrevi Deixe-me ficar... a continuação de Deixe-me ir... Foi um desafio, pois era a primeira vez que eu estaria escrevendo um ponto de vista de masculino. E escrever pelos olhos de Landon, antes um homem atormentado por um casamento que não deu certo, se casa novamente, ganha não um, mas quatro filhos, e tem a esposa em coma, além de apoiar não só seu melhor amigo, como a melhor amiga da esposa. É um enredo cheio de perdas, de reviravoltas. Com capítulos especiais pelos olhos de outros personagens.
Isabelle Freire: A história do Camp foi uma urban fantasy sobrenatural. Um policial com problemas no trabalho se depara com uma cena de crime inexplicável e acaba descobrindo um mundo bem diferente quando se junta a uma caçadora de demônios. Eles descobrem que os Sete Pecados Capitais são demônios que estão tentando se reunir novamente para se vingar do grupo de anjos caídos que os baniram da terra. Para aprisionar e banir de vez esses demônios, eles vão atrás de textos antigos, artefatos e fazem viagens a outro plano de existência, onde contam com um guia peculiar que fala sobre astros, constelações e símbolos alquímicos.
4 - Como se planejou para o Camp?
Cristina: Como eu decidi participar uma semana antes, não posso dizer que tenha feito precisamente um planejamento. Por outro lado, como já tinha a estrutura da história montada (porque a história que vem na sequência já está escrita) ficou fácil de organizar o que precisava. Fiz a lista das personagens que precisavam estar nessa história, anotei o que precisava contar sobre elas e montei o esquema de relações entre todos. Como sempre costumo fazer para escrever, depois de escolher o lugar fiz inúmeros "passeios" com o Google Earth, anotando particularidades de ambiente. Nesse caso específico, não foi necessário mais pesquisas porque essas eu tinha feito em 2007 quando escrevi as histórias que acontecem depois dela, tinha arquivado todo o estudo de mitologia eslava. Apenas retomei a leitura deles.
Amanda: Não foi exatamente um planejamento. Primeiro escrevi em um caderno aquilo que eu tinha em mente, anotando os dias e tenho uma anotação atrás da porta, para me lembrar. Não costumo me planejar, porque meu horário é complicado. Então tinha tempo estava escrevendo.
Isabelle Freire: Como descobri o desafio na véspera, aproveitei para planejar o que podia naqueles dias. Já tinha uma semente de ideia história, então anotei numa folha tudo o que vinha na
minha cabeça, inclusive durante a escrita e muita coisa foi surgindo enquanto escrevia, então fui bem pantser nesse Camp. Foi bem complicado lidar com os plot bunnies que iam surgindo, vinham ideias loucas nesse meio tempo, quando se é pantser tem que aprender a focar, mas esquecer de anotar as ideias/cenas que surgem para usar depois. Esse foi um aprendizado bem legal do desafio.
5 - A meta de vocês eram somente o número de palavras diárias, ou vocês estipularam alguma outra coisa?
Cristina: Eu fixei minha meta em 50.000 palavras. Pretendia escrever a nova história como uma prequel curta ou até mesmo uma introdução do que antes era a primeira história da série. Pensava nos 50.000 juntando as duas, escrevendo essa prequel e reescrevendo a outra história. Cheguei em 30 de abril com 74.000 palavras da nova história e sem terminá-la... terminei em junho com quase 190.000. Deixou de ser prequel!
Amanda: Sou péssima com metas e nunca consigo escrever o mesmo número de palavras todos os dias. Por isso me deixei livre, o meu único planejamento era escrever todos os dias. Minha meta era finalizar a primeira parte. Costumo contar mais por páginas que por palavras. Então pelo menos 4 páginas todos os dias, se não conseguia isso, pelo menos uma cena.
6 - A história escrita já estava em desenvolvimento antes, ou vocês começaram ela exclusivamente no Camp?
Cristina: Eu tinha um esboço de dois parágrafos que eu havia iniciado há uns três anos atrás e abandonado. A escrita foi realmente iniciada no Camp, mas de certa forma foi mais fácil desenvolvê-la exatamente por fazer parte de uma história que eu já tenho. Por outro lado, eu tive que retomar a parte pronta várias vezes para que não existissem incoerências e tive que colocar uma cena exclusivamente para dar sentido a um fato do futuro e que é importante. Foi uma experiência inédita escrever assim, contar o que acontece antes de uma história pronta. E foi um desafio.
Amanda: Comecei no Nano. Terminei o primeiro livro e dei um tempo de 15 dias para respirar e entender o caminho que iria seguir. Então soube do Nano e pensei que seria bom testar minha escrita.
7 - Teve algum momento em que pensou em desistir? Se sim, o que fez com que continuasse?
Cristina: Foi a primeira vez que eu realmente tive tempo para me dedicar a um NaNo, e isso fez muita diferença. Com tempo, sem o cansaço de deslocamento até o trabalho e do próprio trabalho presencial (no meu caso muito mais cansativo do que à distância), eu me vi muito mais motivada. À medida que fui escrevendo eu fui me apaixonando pela minha história, e isso resultou em motivação para escrever. Esse ano não tive nenhum dia de "baixo rendimento de escrita", o único com poucas palavras foi um em que eu tive que fazer uma pesquisa de última hora e sobrou pouco tempo para escrever.
Amanda: Teve, pensei que não daria conta muitas vezes. Minhas leitoras e minhas betas me inspiraram a continuar, sempre me dizendo que daria certo e que tudo encaixaria no final. E encaixou e isso que eu tive que recomeçar alguns capítulos inteiros.
Isabelle Freire: Mais ou menos no meio do mês passei por um bloqueio e pensei em desistir. Nesse
ponto tinha batido pouco menos da meta das 50 mil palavras e estava sentindo falta de
um planejamento mais detalhado que me ajudasse a seguir com a história, porém disse a
mim mesma que não precisava fazer uma versão final, isenta de erros, e foi esse o
pensamento que me fez continuar, além do fato de estar me divertindo com o que estava
escrevendo.
8 - Se pudesse dizer algo para motivar a todos que estão participando este mês do Camp, o que seria?
Cristina: É uma experiência maravilhosa você transformar suas ideias em um produto escrito, seja ele qual for. Não importa quanto você escreve, se você termina ou não, o fato de colocar o seu mundo interior para fora é algo libertador. Se você consegue lidar com metas sem se sentir pressionado no sentido negativo da palavra, ótimo. Caso contrário, aproveite que no Camp você pode escolher sua meta e coloque um número pequeno... sinta a alegria de alcançar a meta e até superá-la!
Amanda: Respirem fundo. Se você vai escrever um projeto mais complexo, se planeje com a pesquisa. Não se prenda a ter que escrever todos os dias certo total de palavras. Deixe fluir. Se for colocar uma meta, coloque escrever aquilo que você quer passar. Muitas vezes nos sentimos pressionados por nós mesmo, mas isso acaba só prejudicando. Por isso escreva, sinta e aproveite ao máximo esse tempo que quer dedicar ao seu livro.
Isabelle Freire: Em matéria de motivação, penso ser essencial a gente entender que vai ter momentos mais empolgantes e momentos em que a escrita não vai fluir tanto, mas é preciso insistir, encarar a procrastinação de deixar claro quem é que manda. Depois de um tempo, com prática, vai ficando mais fácil bater a meta.
Eu, Thai Santos que escrevo aqui para vocês, fico realmente admirada quando conheço alguém que cumpriu suas metas e conseguiu desenvolver um bom trabalho. Participo do NaNoWriMo a anos, do Camp também, mas nunca consegui ir até o final, pois entre a 2ª e 3ª semana dava aquela desandada. Isso sem falar dos compromissos que vão surgindo, outras responsabilidades que acabam me mantendo ocupada. Palavras de alguém que não cumpre suas próprias metas mas já teve muitos trabalhos bons que vieram de lá: nem sempre, bater a meta é o mais importante. Você ter uma boa ideia, desenvolver parte do roteiro, começar a escrever aquilo que estava parado a anos, isso não tem preço. Nem todo mundo consegue sentar no computador, ver o word em branco e começar a escrever. Mesma coisa com um papel vazio, você fica lá com seu lápis e às vezes não sai nada. Se dê um tempo, não se cobre tanto.
Boa jornada a todos vocês que começaram o Camp, espero que consigam superar seus medos e receios e quem sabe em novembro não participo com vocês? Pretendo aproveitar dessas jornadas de escrita para quem sabe escrever artigos ou até mesmo a dissertação, e indico para quem está na pós e precisa entregar TCC, entre outros e tem bloqueio criativo, entre outras coisas.
Um abraço a todos, até mais o/
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