Acabei de ler meus posts sobre minha retrospectiva de 2018 e 2019, e não podia quebrar esse ritual, certo? Então cá estou eu fazendo esse post no primeiro dia de 2021 para contar como foi esse último ano.

Em janeiro e fevereiro de 2020, eu estava trabalhando na MarketUP. Amava aquela empresa, sério. Conheci pessoas fantásticas, podia mexer no celular enquanto trabalhava (desde que não exagerasse), dava boas risadas, tinha um bom salário, ótimos benefícios. Open English de graça, plano black na Smart Fit de graça. Com o final das aulas da faculdade e enfim formada, eu saía às 15:00 do trabalho e tinha o restante do dia livre. Trabalhava na paulista, no último andar de um prédio lindo que tinha um shopping nos dois primeiros andares. Eu só tinha dois problemas: precisava acordar muito cedo e pegar um trem tão lotado que passava mal, e estava ficando estressada com a quantidade de coisas que precisava fazer em pouco tempo. Eu era do time de suporte ao usuário, então nem precisa dizer que paciência era meu sobrenome ne? Mas sério, fora isso, era perfeito.

Eu já sabia que tinha sido aprovada para o programa de mestrado, não sei exatamente quando recebi a confirmação, mas fiquei agoniada esperando saber o resultado das bolsas de estudo, e qual delas eu tinha ganhado. Quando descobri que ganhei a bolsa integral da CAPES, tudo mudou. Com essa bolsa, além de você não pagar as mensalidades, você recebe um certo valor para se manter e poder se dedicar exclusivamente aos estudos. 

Pedi as contas no meu serviço, e tive uma semana mágica de adaptação, conhecendo os professores, os alunos. Uma semana depois, veio a pandemia do covid-19 e tudo se tornou online. Quem poderia imaginar isso?

No começo, foi difícil a adaptação. Eu dormia na sala, então era barulho da televisão, das pessoas, diferente da faculdade que tinha vários lugares para estudar, se concentrar. Fiquei doente, muito gripada, então tinha dias que conseguia fazer o mínimo, mas com muito esforço de tão cansada e fraca que estava. 

Separei um pote da gratidão para ir anotando minhas conquistas e pelo que eu era grata durante o ano, alguém aqui em casa jogou meus papéis tudo no lixo e tive que recomeçar. Me lembro de como me senti P da vida com isso.

E gente, um mestrado não é fácil. Exige tanto da pessoa, e se não fosse três amigos que conheci naquela primeira semana, não sei se conseguiria passar por tudo isso sozinha. Cada aula exigia vários trabalhos diferentes, era seminário toda semana, tinha semana com seminário em todas as aulas. Foi bem interessante essa dinâmica, onde os alunos que apresentam os conteúdos e os professores vão fazendo apontamentos ou correções. 

Em casa, consegui ter um quarto só para mim, porque alugamos um apartamento a mais e dividimos onde cada um ficaria. Foi a primeira vez na vida que tive um quarto inteiramente só meu, então ne preciso dizer o quanto sou grata por isso ne? Ganhei um guarda-roupa só pra mim, uma cômoda, uma estante para guardar livros. Fiz um curso de inglês na CNA com meu irmão e passamos os 2 níveis do básico. 

Continuei fazendo psicoterapia e essa foi a melhor coisa do mundo. Estou diminuindo cada vez mais minha ansiedade, quase não tenho ataques de pânico, aprendi a dizer não para o que não quero, e a dar voz a mim mesma para tomar minhas próprias decisões e fazer o que quero, não o que querem pra mim. Aprender a não carregar o que não é seu e não levar a culpa por tudo que acontece de ruim, porque sou a protagonista da minha vida e responsável pelas minhas escolhas e ações. Mas não devo interferir nas escolhas de outras pessoas, a gente tem que respeitar e dar o espaço para que elas vivam o próprio caminho.

Tive aulas na USP como ouvinte com meu orientador, e foi tão máximo. Agradeço por ter um orientador tão incrível como ele. Sério, é uma das pessoas mais inteligentes que já conheci, tem coisas que ele fala que não tá em livro nenhum, porque ninguém mais ensina. E ele ensina aos alunos, quer que eles cresçam.

Agradeço muito pela minha linha de pesquisa ser a de marketing e por estudar o comportamento dos consumidores. Aliás, agradeço por estar na área de Administração e Inovação, que é a minha paixão. 

No meio do ano, conheci outros estudantes de mestrado e doutorado e criamos um grupo de Pomodoro para estudos. Eles se tornaram grandes amigos. As meninas do café, em especial, são as melhores pessoas que eu poderia conhecer. Conheci pessoas da psicologia, da neurociência, do direito, da biologia, da engenharia, da nutrição, sério, de toda a área que imaginar, até geologia. Conheci os mais diversos pesquisadores do Brasil, e de fora também. Pessoas da Turquia, do Canadá, dos EUA, da China. E apesar de não conseguir me comunicar na maior parte do tempo com eles, devido a minha falta do inglês, quando usava o chat e traduzia no google, até que a comunicação funcionava bem.

Aprendi a lidar melhor com a minha raiva, não 100% mas boa parte dela. Eu me frustro muito com certas coisas que acontecem, mas acabo deixando tudo dentro de mim e isso vira uma bomba aqui dentro. Então eu conversei mais, tive mais coragem, valorizei minha criatividade. 

Na Revista Jovem Geek, parece que vivi três anos em um ali. Mudamos o site, o layout dos posts nas redes sociais, chegamos a ter 50 colaboradores. Sabe o que é coordenar uma equipe tão grande? Criamos a equipe de mídias, de marketing, do IGTV, de roteiro, de The Sims, de projetos, de revisão, que não tinha ano passado. 

Ajudei a avaliar alguns candidatos a professores na graduação da minha instituição, a colocar provas no sistema, aprendi sobre fazer experimentos na área de ciências sociais.

Outra coisa incrível foi ter conhecido  CIP e as pessoas de lá. Já faz acho que uns seis ou sete meses que os conheci, e a cada encontro, é algo melhor que o anterior. As conversas, as brincadeiras, as risadas, o aprendizado, a paz. O fato de que eles respeitam as pessoas e não tem preconceito com quem é diferente, sabe? Eles recebem bem qualquer pessoa, não existe essa distinção entre homens e mulheres, ninguém fica ali no seu pé questionando sexualidade, ou te fazer sentir mal pela sua cor ou seja lá o que for. Tem muita gente que diz que não tem preconceito, mas aí começa a falar qualquer coisa depois de um "mas" e você sabe que vem merda logo a seguir. Eu realmente senti sinceridade ali em cada discurso, nos convidados que são trazidos, e cada semana tendo temas novos para discussão. 

Foi um ano em que abracei mais meu lado feminino, de pensar no que eu estou fazendo com a minha vida, no que eu quero, no que me faz feliz. Por um momento, quase acreditei que outras pessoas poderiam dizer por mim o que é melhor, mas não se deve fazer isso. Não podemos fingir que vamos gostar de algo que não queremos, eu não quero desperdiçar momentos em algo que realmente me deixaria infeliz só porque alguém acha que é bom. 

Dito isso, eu me deixei voar. Decidi que vou fazer doutorado sanduíche, e quero passar um período fora do Brasil para estudar, conhecer outra cultura, e estou torcendo para que seja Israel o meu destino. Estou com os braços abertos, sabe? Deixando para o universo, estou aberta ao que for acontecer. 

Quero dizer, no final de 2019, quando fiz meus planos, eu não fazia ideia da maioria das coisas que aconteceriam e olha que ano mágico que foi. Parece que passei anos em 2020? Parece sim, mas eu vivi sabe? Tenho história para contar. Cada momento nas aulas do mestrado, cada momento na RJG, eu vou levar no meu coração. 

Estou pronta, 2021. É a minha vida, e vou fazer o melhor com ela. 

0 Comentários