Sendo breve, nós éramos bons amigos. Você vivia indo até minha mesa, eu vivia indo até a sua. Saíamos juntos em várias pausas, e seu amigo até parecia meio assim comigo por ter que dividir as atenções. E então começamos a andar pra cima e pra baixo de mãos dadas, a ficar sentados juntos, passar um longo tempo abraçados. 

Talvez eu devesse ter aceitado aquele convite pra ir ao cinema. Amei quando você sugeriu da gente sair junto, só que não tava afim. Achei que seria melhor deixar tudo como estava, mas não foi bom. Porque me apaixonei, e estava completamente viciada. 

Sabe como eu percebi que estava apaixonada? Porque uma amiga ficava toda hora perguntando se tinha algo rolando entre nós e eu negava, uma e outra vez. E na minha cabeça, realmente não tinha. Só que aí ela começou a dizer que a gente combinava um com o outro, éramos muito fofos, inocentes, e que amigos não saem andando de mãos dadas por aí daquele jeito como fazíamos não.


Percebi que tinha ciúmes quando você não estava comigo, e estava com outra pessoa. Me tornei aquilo que eu mais temia, um ser extremamente grudento e possessivo. Você era meu, só meu. Meu, meu meu e de mais ninguém. Eu que podia pegar na sua mão, te abraçar, te fazer sorrir. Queria você comigo, ponto. E você deixara. Você porra deixava.

Tudo o que eu dizia ou fazia com relação a você, estava ok. Você era tão calmo sempre, não importa o que acontecesse, estava sempre tão sereno. Nunca te vi bravo ou irritado, você se divertia com o que a vida dava e não ficava pensando tanto nas coisas. 

Só que não fomos tão sinceros assim, fomos? Você nunca me contou o que acontecia na sua casa e que te entristecia. Era o único ponto que eu percebia que não era tão legal assim pra você... E aí, fiz algo drástico: te contei tudo sobre como me sentia.

Mas caramba, sério mesmo que você não sabia? Pelo menos, agiu como se fosse uma surpresa e foi claro que não queria nada sério. Você tinha algumas questões pra resolver e queria ir devagar, e eu queria ir rápido, como um trem desgovernado. Entendo hoje que deveria ir com calma, estava fora de mim com todo aquele sentimento. Lembra de como eu ficava mal longe de você? Precisava te tocar, precisava saber que estava bem, que estava do meu lado. 

Você foi meu vício, e nunca tinha me sentido assim antes, tão neurótica com alguém, precisando tão desesperadamente, tal como um remédio. E novamente tomei todas as decisões erradas, porque te disse o quanto estava mal pelo fato de você não querer ir tão rápido como eu queria. Era 8 ou 80, e acabei te dizendo que não queria mais saber de você e te bloqueei. Como fui estúpida.

Meses se passaram, e fiz de tudo pra não ficar no mesmo ambiente que você, evitada qualquer um que tivesse contato contigo. Quando descobri que você estava namorando uma garota, uma amiga veio correndo contar. Ela disse que viu vocês dois de mãos dadas e que quando você reconheceu ela, parecia assustado. O que você achou, que se eu descobrisse que você estava em outra, eu iria surtar?

Lamento muito por não ter ido mais devagar, acho que se tivesse respeitado seu tempo talvez nossa história fosse outra. Mas não fiquei triste que você seguiu em frente não, fiquei só pensativa. E com medo. Que tipo de pessoa eu seria em um relacionamento? Não queria nunca mais sentir isso, esse vício de novo....

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