[Interrompemos a programação normal para enfatizar o fato de que essa voz ao fundo ficará no mudo. Por gentileza, ignore os ruídos daquilo que está te reprimindo. Abra seu coração e ouça o que tem por ali]

Sabe o que gostaria de fazer? Gostaria de andar por uma trilha. Sou eu, o pássaro que não pode ser nomeado. Pousei em uma árvore imensa e vi coisas que nenhum outro par de olhos foi capaz de ver antes. Então, quando desci e senti minhas pernas, só queria correr. 

Então caminhar por essa trilha. Talvez por uma estrada de terra seca, um boné no rosto, protetor solar e repelente de insetos a postos. Iria escutar o silêncio, o som das árvores ou do cerrado, mas cedo ou tarde acabaria colocando uma música e cantando a plenos pulmões.



A música esteve comigo mesmo quando estava presa naquela gaiola e não sabia que estava. Daquele lugar escuro e vazio...

Queria te mostrar minha música favorita. Ou melhor, minhas músicas. São várias, e cada uma delas tem um pedacinho de minha alma. 

Queria andar por essa trilha do seu lado. Você sabe, sabe que tem algo diferente em você? Tão sonhador e ao mesmo tempo parece tão racional. Sinto que não te conheço, mas por que sei tanto de você? Acho que descobri seu personagem. O segredo é que também tenho um. 

Você andaria comigo? Pegaria na minha mão e caminharia nessa trilha? Talvez a gente acampasse. Você tem um telescópio? Queria um. Então a gente iria para um céu bem estrelado e com o telescópio, iríamos ver as constelações. 

Amo estrelas, elas são uma das minhas coisas favoritas do universo. Um dia, quis estar em uma. Talvez e tenha uma ou duas no meu coração. Você quer um pedaço delas? 

Sou péssima com algumas palavras. A verdade é que eu queria...

Estou descobrindo o que fazer comigo e com meus pedaços. Descobri de novo o quanto amo inventar histórias. E o quanto odeio que me façam passar por louca. É que eu acreditei, entendeu? Ou melhor, não acreditei em mim mesma. 

Não quero parecer que estou dando dois passos pra trás ao deixar alguém entrar, não preciso me apoiar em alguém, posso ir sozinha. A questão é que eu queria. Que você pegasse na minha mão. Que a gente caminhasse pelas estrelas. 

Mas você é um personagem, não é? Isso tudo vai passar. Enquanto isso, eu descubro meu "self" verdadeiro enquanto me equilibro no falso.

Não, não tente entender. Você não vai conseguir se não me perguntar diretamente, minha criança. E eu não estou afim de responder. Nem tudo gira ao seu redor ou tem relação contigo. 

Desculpa

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